22/03/2023
Selic, a taxa básica de juros, é o principal instrumento de política monetária usado pelo Banco Central para controlar a inflação
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (22/3) manter em 13,75% a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic.
A medida já era esperada pelo mercado. A taxa permaneceu inalterada pela quinta vez consecutiva, apesar da forte pressão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por sua redução.
Economistas também acreditam que os juros devem continuar nesse patamar por mais tempo; uma queda só é cogitada a partir do segundo semestre.
Uma combinação de fatores, entre eles a deterioração na perspectiva de inflação, a piora na percepção do risco-país e a política monetária atual dos Estados Unidos, vem atravancando uma possível redução dos juros, segundo eles.
Mas como os juros nos afetam? O que eles significam na prática para o bolso das pessoas?
A taxa Selic (sigla para Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) serve como referência para todas as taxas de juros do mercado brasileiro e é definida pelo Copom, grupo composto pelo presidente e diretores do Banco Central. Eles se reúnem para definir a trajetória da Selic.
A Selic é o principal instrumento de política monetária usado pelo Banco Central para controlar a inflação.
Quando a taxa sobe, os juros cobrados em financiamentos, empréstimos e no cartão ficam mais altos e isso desencoraja o consumo — o que, por sua vez, estimula uma queda na inflação. Por outro lado, se a inflação está baixa e o BC reduz os juros, isso barateia os empréstimos e incentiva o consumo.
Para definir o que fazer com a Selic, o BC avalia as condições da inflação, da atividade econômica, das contas públicas e o cenário externo — sempre com o objetivo de manter a inflação dentro da meta.
O instrumento é usado por todos os governos e autoridades monetárias. O Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, define os juros básicos da economia americana. O Banco Central Europeu faz o mesmo com os juros nos países que compõem a zona do euro.
O mundo vive um momento de alta da inflação em diversos países — como reflexo de desequilíbrios na cadeia de produção combinados com um aumento do consumo devido à pandemia de covid-19.
A inflação tem batido recorde de mais de quatro décadas em países europeus, EUA e Reino Unido. Tudo tem ficado mais caro. Por isso, esses países também estão vendo os juros subirem.
No Brasil, o mais recente ciclo de alta começou em 17 de março de 2021. Desde então, a Selic subiu 12 vezes consecutivamente, de 2% para 13,75%, patamar atingido em agosto do ano passado. Desde então, permanece inalterada. É o nível mais alto desde 2016, quando a taxa começou o ano em 14%.
O objetivo do Copom é fazer a inflação brasileira ficar dentro da meta, que também é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).