14/02/2020
“Eles querem promover de forma premeditada o desabastecimento nacional para culpar os petroleiros”, advertem grevistas, no 13° dia do movimento
São Paulo – A intransigência da gestão de Roberto Castello Branco na presidência da Petrobras, ao se negar a negociar com os petroleiros, já no 13° dia de greve, ameaça o abastecimento de combustíveis à população brasileira. O alerta é da Federação Única dos Petroleiros (FUP). “Sim, é possível termos um desabastecimento no mercado de derivados de petróleo a partir da semana que vem, por conta da intransigência da gestão”, advertiu o diretor da FUP Deyvid Bacelar.
“Se preparem, abasteçam os seus carros, caminhões, comprem o gás de cozinha, porque eles querem promover de forma premeditada o desabastecimento nacional para culpar os petroleiros”, disse.
Segundo o dirigente, a direção da Petrobras não permite que os petroleiros assumam o controle das unidades com seus próprios efetivos, para aumentar a produção. Se houver desabastecimento, afirma, a culpa será da gestão, “que não quer conversar e quer vender as refinarias e beneficiar importadoras e outras empresas internacionais”.
Nesta quinta-feira (13), a greve dos petroleiros chegou a 113 unidades, em 13 estados do país. São mais de 20 mil petroleiros mobilizados. O movimento abrange 53 plataformas, 23 terminais, 11 refinarias e mais 23 outras unidades operacionais, além de três bases administrativas.
Os grevistas exigem o cumprimento do acordo coletivo de trabalho (ACT) e a reversão das demissões na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR), cujo fechamento a estatal considera irreversível.
Os trabalhadores da Fafen-PR estão recebendo telegramas da empresa, convocando-os para comparecer nesta sexta-feira (14) em local determinado pela estatal para efetivar suas demissões. Segundo a FUP, trabalhadores afastados por doença ou em tratamentos de câncer também recebem a convocação.
Os sindicatos realizaram, nesta quinta, novas ações de fornecimento à população de botijões de gás subsidiados em sete estados do país: Amazonas, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, “para que a população possa ter acesso a combustíveis com preços justos”.
Em Santos, por exemplo, o Sindipetro Litoral Paulista vendeu gás de cozinha por R$ 32,00 o botijão. A venda foi restrita a 150 botijões de gás e uma unidade por família. “Apesar de extrair petróleo com um dos custos mais baixos do planeta, a Petrobras reajusta os preços dos derivados nas refinarias de acordo com as variações do mercado internacional e, consequentemente, do dólar”, explica a FUP.
Reportagem publicada no portal Rede Brasil Atual.
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