27/03/2024
Reproduzimos, a seguir, informação extraída do portal de notícias Rede Brasil Atual.
A Fundação Fiocruz lançou nesta terça-feira (26) uma estratégia para terapias avançadas, com o objetivo de beneficiar pacientes com câncer, e doenças infecciosas e genéticas atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Presidente da Fiocruz, Mario Moreira: “Esta transferência de tecnologia capacita a Fiocruz a produzir essas células CAR-T e outras terapias vitais de maneira econômica”.
Como parte da estratégia e em parceria com o Ministério da Saúde (MS), a Fundação assinou um acordo de colaboração com a organização norte-americana sem fins lucrativos Caring Cross, que prevê a transferência de tecnologia, pelo Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), para a produção de células CAR-T e vetores lentivirais.
Com isso, a Fiocruz será a detentora dessa tecnologia no Brasil e na América Latina. A produção local deve reduzir drasticamente os custos e ampliar o acesso da população às terapias genéticas. A iniciativa representa também um avanço na parceria com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), que realizará os ensaios clínicos para cânceres hematológicos.
As terapias com células CAR-T representam um tratamento revolucionário, utilizando as próprias células imunológicas do corpo para atingir e destruir as células infectadas.
A fase inicial do acordo terá como foco terapias com células CAR-T para leucemia e linfoma, contando com versões aprimoradas de produtos que têm sido usados com sucesso no tratamento de pacientes em diferentes países.
A colaboração também irá desenvolver um produto terapêutico para o HIV, atualmente em fase de ensaios clínicos nos EUA, concebido para o tratamento e potencial cura da infecção pelo vírus. Também há a expectativa do desenvolvimento de novos projetos com diferentes parceiros para outras patologias.
O potencial transformador dos tratamentos com células CAR-T é significativamente prejudicado por seus altos custos, frequentemente superiores a US$ 350 mil (cerca de R$ 2 milhões) a dose.
O preço exorbitante torna estas terapias que salvam vidas inacessíveis a muitos pacientes de regiões de baixa e média rendas, criando uma grande disparidade no acesso a este tratamento inovador.
Com a produção local, o tratamento poderia estar disponível gratuitamente para a população e o custo para o SUS se reduziria a 10% do valor atualmente praticado na Europa e EUA, passando para US$ 35 mil (R$ 173 mil).
“Isso representa uma grande economia para o SUS. Essa terapia costuma ser usada na terceira linha de tratamento, quando já houve recidiva do câncer após a primeira e a segunda. Falamos aí de cerca de dois mil pacientes, num tratamento cujo alto custo dificulta o acesso. Com a produção local, seria a diferença entre gastar cerca de R$ 3,4 bilhões ou R$ 340 milhões com estas duas mil pessoas”, destacou o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger. “Mais do que o cálculo em dinheiro, é um tratamento melhor, mais eficaz”.
“Estamos felizes com a parceria com a Caring Cross, que tem uma profunda experiência nas tecnologias utilizadas para a produção da terapia com as células CAR-T”, declarou o presidente da Fiocruz, Mario Moreira.
“Esta transferência de tecnologia capacita a Fiocruz a produzir essas células CAR-T e outras terapias vitais de maneira econômica e confere à nossa instituição as capacidades necessárias para se tornar um hub central para a fabricação de medicamentos avançados, incluindo terapias com células CAR-T, em toda a América Latina”.
Com informações da Agência Fiocruz de Notícias