09/09/2020
A pandemia de covid-19 agravou a crise econômica que já havia no Brasil. O desemprego e o aumento da pobreza indicam uma dramática realidade e os números são alarmantes. A verdade é que, para além de estatísticas, os dados acabam por revelar uma situação que afeta subjetivamente milhões de brasileiros e brasileiras, o que pode causar consequências para a sociabilidade a longo prazo, para além das questões objetivas, não menos importantes.
Dados apontam para uma realidade composta por pessoas frustradas, humilhadas e sem reconhecimento de si provenientes de políticas econômicas austeras. Além das implicações físicas relacionadas ao estresse e a outros problemas de saúde.
No mês de setembro, é celebrado no Brasil o Setembro Amarelo, uma campanha de conscientização sobre prevenção do suicídio. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), são registrados anualmente 12 mil suicídios no país e os atendimentos de urgência cresceram durante a pandemia.
As políticas econômicas são fatores determinantes para o tipo de sociabilidade de uma população e de percepção da realidade. Sem esquecer jamais das questões objetivas, de subsistência alimentar e de moradia, compreendidas por psicólogos como necessidades primárias para a sobrevivência e formação da cidadania.
Desemprego
Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), desde 2017, há um crescimento na extrema pobreza e a hipótese é de que ela siga crescendo, isto é, que o ano de 2020 não termine com recuperações nesse sentido. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid (Pnad covid-19), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fez um levantamento que aponta 41 milhões de desempregados no segundo semestre deste ano. Além disso, uma outra pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) identifica que 9 milhões de pessoas deixaram de comer por algum período durante a pandemia.
Esses dados não são resultados apenas do fechamento dos postos de trabalho na tentativa de contenção da disseminação do vírus. Pelo contrário. São justamente as políticas fiscais feitas que permitem um acúmulo da riqueza mesmo em tempos de pandemia. Como mostra uma pesquisa da ONG Oxfam, entre março e junho deste ano, 42 bilionários brasileiros aumentaram suas fortunas em R$ 177 bilhões.
Mas, afinal, quais as consequências psicossociais e subjetivas da pobreza? Para Malu Mendes, psicóloga e pós-graduada em psicologia existencial sartriana, o trabalho é constituinte da nossa formação. Contudo, no contexto de desmonte dos direitos e de precarização do trabalho, há um movimento de falta de reconhecimento do sujeito de si. “Hoje a gente trabalha com muitas famílias que não têm garantias de um trabalho formal e aí ficam mais marginalizadas em condições de trabalhos autônomos em que não há garantia de retorno”.
A reportagem é do portal Brasil de Fato. Acesse o link abaixo, para ler a íntegra.