Em julho, o Ministério da Saúde havia solicitado à FioCruz e à Universidade de Oxford uma pesquisa sobre a variação da imunidade após a vacinação com duas doses e a necessidade de um reforço algum tempo depois.
Ainda não se sabe se indivíduos mais jovens precisarão de novas doses no futuro.
E quem tomou a vacina da Janssen?
Logo após o anúncio do Ministério da Saúde, as pessoas que receberam a vacina da Janssen, que é de dose única, ficaram com muitas dúvidas. Elas também terão direito à terceira dose?
De acordo com as explicações dos representantes do Governo Federal, esses indivíduos deverão tomar uma segunda dose, que será aplicada dois meses após a primeira.
“Quem tomou a Janssen completará o esquema vacinal. Embora seja de dose única, compete a nós [Ministério da Saúde] as definições. A pessoa tomará duas doses, em um intervalo de dois meses. A Janssen chegou em junho e julho, então estamos dentro do tempo esperado”, detalhou Melo.
Se os primeiros lotes chegaram ao país a partir da virada do primeiro para o segundo semestre e as pessoas tiveram acesso a essa vacina em agosto, isso significa que elas deveriam ter recebido a segunda dose, dentro do tempo preconizado pelo ministério, entre o final de outubro e o início de novembro.
Ou seja: há um contingente de brasileiros que já está com essa segunda dose da vacina da Janssen atrasada.
A ideia é que o governo reforce a distribuição do imunizante da Janssen pelos postos de saúde ao longo das próximas semanas.
Daí, cinco meses depois da data dessa segunda dose da vacina da Janssen, as pessoas terão finalmente direito a tomar a terceira dose (de preferência, com a vacina da Pfizer). Quem tomar a segunda dose em novembro, por exemplo, poderá receber a terceira em abril de 2022.
Esse mesmo esquema de duas doses da Janssen já é adotado nos Estados Unidos: embora os estudos clínicos com uma dose deste imunizante mostrem que ele é capaz de conferir uma boa proteção, pesquisas publicadas posteriormente mostraram que essa imunidade cai com o passar do tempo e é importante aplicar um reforço.
Dentro do contexto brasileiro, porém, é preciso levar em conta que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a vacina da Janssen como dose única. É necessário, então, que a farmacêutica solicite a alteração do esquema à agência regulatória do país.
Ou seja: há um contrassenso entre a decisão do Ministério da Saúde, de aplicar uma segunda dose da Janssen, e o que está regulamentado no Brasil pela Anvisa. Ainda não está claro como essa questão será resolvida.
Procurada pela BBC News Brasil, a Anvisa explicou que aguarda o envio de documentos pela Janssen e “a previsão é que até a próxima semana a empresa entregue os estudos sobre eficácia e segurança da dose de reforço da sua vacina”.
O Ministério da Saúde e a Janssen não enviaram respostas às nossas solicitações de esclarecimentos até o fechamento desta reportagem.
E a segunda dose?
Durante o anúncio, os representantes do Ministério da Saúde também chamaram a atenção para a quantidade de brasileiros que não tomaram as duas doses.
“Muitos ainda não procuraram a unidade básica de saúde para completar o esquema vacinal”, alertou Queiroga.
De acordo com as evidências científicas, as duas doses conferem um bom nível de proteção, especialmente contra as formas mais graves da covid-19, que estão relacionadas à internação e à necessidade de intubação.