18/05/2022
Se há alguns anos ter o celular roubado já representava um prejuízo financeiro, hoje ele pode ser maior. Com o aprimoramento da tecnologia – e também das habilidades dos criminosos – a perda do aparelho pode se tornar um prejuízo pequeno em comparação ao que uma quadrilha consegue fazer se tiver acesso a documentos, contas em redes sociais e, principalmente, a contas bancárias da vítima.
Muitos roubos têm acontecido enquanto a vítima usa o aparelho – e, portanto, ele está desbloqueado. “É aquele roubo no qual a pessoa passa correndo ou de bicicleta e arranca o aparelho da sua mão. Também pode acontecer no trânsito. O intuito é pegar o celular desbloqueado e ter acesso mais fácil às informações”, aponta Hiago Kin, presidente da Associação Brasileira de Segurança Cibernética.
Nesse caso, a vítima tem poucos minutos para fazer o bloqueio do aparelho antes que o criminoso comece a acessar seus dados. “Ele mantém a tela ativa, coloca o chip em outro dispositivo e começa tentar trocar senhas a partir do SMS (muitos aplicativos dão essa opção)”, aponta Kin.
Outra modalidade é furto ou roubo com o celular bloqueado. Nesse caso, a quadrilha busca varrer a memória do aparelho com programas usados por hackers. “O objetivo não é trocar senhas de contas, mas obter informações que estão offline no aparelho. Documentos e dados pessoais são usados para abrir contas em outros bancos, que não o da vítima, e aplicar golpes”, diz o especialista.
A seguir, veja as orientações de especialistas sobre como aumentar sua segurança:
1. Não mexa no celular enquanto anda
Antes de qualquer configuração, Kin recomenda atenção ao comportamento. “Evite mexer no celular enquanto se movimenta. As vítimas têm esse padrão específico. Como o foco está no dispositivo, ela não percebe quem está se aproximando. Antes de mexer no celular, pare em algum lugar, sem movimento, como um comércio.”
2. Use código e opção de bloqueio automático da tela
Escolha o menor tempo possível para bloqueio automático de tela e assim reduzir as chances de ser roubado com a tela desbloqueada. Alguns celulares oferecem a opção de bloqueio após 30 segundos sem utilização.
3. Ative biometria ou reconhecimento facial em aplicativos
Procure, nas configurações de seus aplicativos, a opção de entrar por meio de biometria e leitura facial. Telegram e Whatsapp são exemplos que já permitem essa ativação. Ainda que o celular seja roubado com a tela desbloqueada, essa medida dificulta o acesso às informações.
4. Ative a autenticação de dois fatores
Entre nas configurações de cada um dos seus principais aplicativos e busque pela opção de ‘privacidade’ para encontrar a opção de autenticação de dois fatores.”Preze sempre por aplicativos que geram códigos e não pela autenticação por SMS, já que o ladrão pode estar com seu chip”, diz Kin.
5. Não salve informações importantes (como senhas) no aparelho
Evite manter qualquer tipo de senha em prints, fotos, e blocos de notas, assim como fotos de seus documentos.
“Uma boa dica é digitar a palavra ‘senha’, ‘acesso’, na busca de mensagens e ver se você já mandou para alguém. Às vezes é sua senha para entrar em uma loja online, mas é a mesma usada para contar importantes. Os criminosos têm esse olhar”, alerta o presidente da Associação Brasileira de Segurança Cibernética.
6. Tenha um chip reserva
Se desejar manter um número de celular nas configurações de segurança das suas contas, o melhor é que não seja o mesmo número que você usa no dia a dia.
“Assim os criminosos não vão conseguir trocar a senha solicitando um novo código por SMS, já que esse outro chip estará na casa, e não no aparelho roubado”, explica Kin.
7. Revise e configure o limite de seu Pix
A Federação Brasileira de Bancos alerta que desde abril do ano passado, o usuário pode controlar seu limite no sistema de pagamento instantâneo, permitindo que ele reduza ou aumente o valor disponível para realizar transações e pagamentos.
“A medida é importante para auxiliar o cliente em sua gestão e controle de transações no Pix. A funcionalidade está disponível no internet banking e nos aplicativos bancários na área ‘Meus Limites Pix.’ Com ela, o cliente poderá revisar e configurar o valor mais adequado para suas transações financeiras do dia a dia”, disse à BBC, em nota.
1. Bloqueie a linha
Antes de ligar no banco, realizar um boletim de ocorrência ou qualquer outra ação, ligue na operadora e bloqueie a linha. É isso que impedirá o criminoso de fazer qualquer tipo de ligação ou receber SMS. Anote o número de protocolo que confirma o pedido de bloqueio.
2. Bloqueie as operações bancárias
Depois, ligue no banco para solicitar o bloqueio de todas as operações por via móvel ou computador.
“Só esses dois passos já apresentam uma dificuldade enorme para os criminosos, que muitas vezes passam para o próximo aparelho”, afirma o especialista.
3. Apague os dados do celular
Ainda que o aparelho não tenha sido roubado com a tela desbloqueada, o primeiro passo é apagar os dados dele. Se o seu aparelho for Android, há quatro opções para fazer isso:
– Use a página do Google “Encontre Meu Dispositivo”;
– Acesse o aplicativo “Encontre Meu Dispositivo” por outro aparelho;
– Procure a seção “Minha Conta” do Google;
– Faça uma busca no Google por “Encontre Meu Dispositivo”.
Já se o celular for um iPhone, que usa o sistema iOS, use o site iCloud (acessível por qualquer navegador de internet) ou então o aplicativo Busca, caso tenha algum outro aparelho da Apple, para apagar os dados.
4. Recupere suas contas
O especialista recomenda, em seguida, trocar suas senhas dos aplicativos e verificar quais são os dispositivos conectados naquela conta – como de email, por exemplo. Aí, desconecte essas contas do aparelho roubado.
Como a troca de senha pede SMS, é importante estar com um novo chip.
5. Faça um boletim de ocorrência
É importante fazer todos os processos descritos acima antes de ir à delegacia, dado o tempo que a vítima pode levar para fazer o boletim de concorrência – horas que podem servir para que a quadrilha avance no roubo de dados.
Caso o criminoso tenha tentado aplicar golpes por meio de suas redes sociais, é importante compartilhar essas informações com a polícia.
“Claro que há de se considerar a possibilidade de o criminoso estar utilizando um CPF que não lhe pertence e uma conta corrente fraudulenta, mas ainda assim, para a denúncia, todo e qualquer dado pode ser relevante e merece ser reportado, já que tais informações associadas a outras igualmente relevantes e objeto de denúncias realizadas por outras vítimas podem contribuir para identificação do crime”, instrui a advogada Alessandra Borelli, CEO da Opice Blum Academy, empresa especializada em conhecimento em direito digital e proteção de dados.
O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) entende que é falha no serviço dos bancos e instituições financeiras possuírem brechas na segurança que permitam que golpistas e fraudadores cometam diversos atos prejudiciais aos consumidores.
O instituto indica que é possível registrar uma reclamação na ouvidoria do banco. Se não conseguir solucionar o problema, a próxima opção é buscar o Procon de sua cidade para que o órgão medie a recuperação dos valores perdidos. Além disso, há a opção de registro de reclamação no Banco Central.
Se instituição financeira criou obstáculos para o cancelamento de transações ou passou a cobrar de você valores decorrentes de cartão de crédito ou empréstimo fraudulento após sua comunicação com a empresa, o Idec aponta que a melhor opção pode ser o ingresso na Justiça.