03/11/2023
Reproduzimos, a seguir, reportagem extraída do portal Rede Brasil Atual
Divulgação/Oxfam Internacional
De acordo com a pesquisa, Manaus lidera a lista das cidades brasileiras mais quentes. A previsão é de ultrapassar o limite de 32°C por 258 dias no ano
Pesquisa conjunta da ONG Carbon Plan e do jornal The Washington Post trouxe informações sobre o impacto do calor extremo no Brasil e em todo o mundo. O estudo investigou as cidades brasileiras que serão mais afetadas pelas mudanças climáticas até o ano de 2050, revelando dados preocupantes sobre a exposição à temperatura prejudicial à saúde humana.
De acordo com a pesquisa, Manaus lidera a lista das cidades brasileiras mais quentes. A previsão é de ultrapassar o limite de 32°C por 258 dias no ano. Após a capital amazonense vem Belém (222 dias), Porto Velho (218 dias), Rio Branco (212 dias) e Boa Vista (190 dias). Esses números alertam para o risco que o calor extremo representa para a população dessas regiões.
A pesquisa da ONG Carbon Plan também enfatiza que, em cerca de 30 anos, aproximadamente 5 bilhões de pessoas em todo o mundo estarão expostas a, pelo menos, um mês de calor prejudicial à saúde. O estudo utiliza uma escala que combina temperatura, umidade, luminosidade solar e vento. Então, determina que 32°C é a condição limite para a saúde do indivíduo. Mesmo para adultos saudáveis, a exposição a essas temperaturas por mais de 15 minutos pode ser nociva. Como consequência, pode levar a um aumento nas mortes relacionadas ao calor.
Enquanto as mudanças climáticas frequentemente estão associadas a desastres visuais como queimadas e enchentes, os perigos do calor extremo são mais silenciosos e insidiosos. Pessoas podem morrer nas ruas ou desenvolver doenças cardíacas e mentais como resultado dessa exposição prolongada a altas temperaturas.
Segundo a pesquisa, não se trata apenas da temperatura absoluta. Mas também, do aumento repentino das temperaturas. Então, isso compromete a capacidade das pessoas de lidar com a situação, mesmo em locais que já são naturalmente quentes. Isso representa uma ameaça significativa, especialmente para regiões que já vivem no limiar de temperaturas perigosas antes da intensificação dos eventos climáticos.
A pesquisa também aponta que essa epidemia de calor não afetará o mundo de maneira uniforme. Cerca de 80% da população afetada estarão nos países mais pobres. Enquanto isso, apenas 2% estarão nas nações mais ricas. Regiões como o Sul da Ásia e a África Subsaariana serão particularmente afetadas devido à sua localização. Além disso, pesam questões socioeconômicas que dificultam a adaptação às mudanças climáticas. A falta de um sistema de saúde de qualidade e a escassez de recursos como ar condicionado agravam ainda mais essa realidade.
A pesquisa destaca algumas soluções potenciais para mitigar os impactos do calor extremo. Entre elas, está a necessidade de mudanças na legislação dos países para garantir melhores condições de trabalho ao ar livre, como a garantia de pausas durante o serviço ou até mesmo a proibição do trabalho em condições extremas de calor. Além disso, o uso de coletes acoplados a ventiladores e o uso de roupas brancas demonstraram reduzir o estresse térmico em trabalhadores expostos ao calor.
Diante desses dados alarmantes, a pesquisa reforça a urgência de ações efetivas para combater as mudanças climáticas e proteger a população, especialmente aquelas mais vulneráveis aos efeitos do calor extremo.
Com informações do Jornal da USP