09/09/2022
Em 2020, o IDH do Brasil era de 0,758 e caiu para 0,754 em 2021, um decréscimo de -0,004. Antes disso, o Brasil já havia perdido cinco posições no ranking mundial, já que ocupava a 79ª posição. O IDH brasileiro foi de 0,762, em 2018, para 0,765.
O índice leva em conta a expectativa de vida ao nascer, a escolaridade e a renda para dar dimensão ao bem-estar da população em cada país. No caso brasileiro, o retrocesso foi considerado elevado, de acordo com o Pnud. Pela metodologia do índice, quanto mais perto de 1 estiver um país, melhor o IDH. A nova posição retrocede o país ao patamar de 2014, quando o IDH era de 0,754. O recuo foi maior do que a média mundial, que caiu ao nível de 2016.
O relatório da ONU cita uma série de crises precedentes, com destaque para o impacto da pandemia de covid-19 em todo o mundo. No Brasil, a saúde também foi um fator a contribuir para a queda no IDH.
Recuo na expectativa de vida
Nesta gestão do poder executivo, durante a crise sanitária, a expectativa de vida média do brasileira ao nascer caiu de 75,3 anos, em 2019, para 72,8 anos em 2021. A queda levou o Brasil ao mesmo patamar de 13 anos atrás, em 2008, quando a esperança de vida média era de 72,7 anos. O país também guarda o posto de ser o segundo com maior número de mortes em decorrência do novo coronavírus em todo o mundo. Mais de 684 mil brasileiras vieram à óbito por conta da doença, atrás somente dos Estados Unidos, onde mais um milhão de pessoas morreram.
A diminuição da expectativa de vida no Brasil também foi maior do que a média global. Houve uma redução de 1,6 anos, para 71,4 anos, ante 2,5 anos de queda registrados entre os brasileiros.
O retrocesso é sobretudo maior quando o indicador é ajustado à desigualdade. O Brasil perde pelo menos 20 posições, de 0,754 para 0,576, uma queda de 23,6%. O relatório chama atenção para a desigualdade de renda, um problema histórico que se agravou.
Retrocessos
Além disso, a ONU também aponta a desigualdade de gênero no país, que diminui em 6,4 anos a expectativa de vida da mulher na comparação com a dos homens. Elas são têm renda média anual de US$ 7 mil a menos, de acordo com o relatório do Pnud. Essa é a primeira vez que o Brasil cai por dois anos seguido. Por 11 anos, até 2019, o país vinha subindo seu IDH ano a ano.
A posição no Brasil também chamou atenção do economista, pesquisador e professor Marcos Pochmann que responsabilizou o governo Bolsonaro pela queda de qualidade de vida no país.
“Mais um indicador que concede coerência a quem assumiu a presidência informando que o seu governo seria o da destruição. Para a ONU, o Brasil caiu 3 posições no ranking do Índice do Desenvolvimento Humano (IDH). Só nos 2 últimos anos, a regressão acumulou 8 posições”, tuitou Pochmann.
Comparação mundial
O Brasil também fica atrás de 15 nações da América Latina e Caribe. Entre elas, Chile, que tem o maior IDH da região – com 0,855, na 42ª posição no ranking mundial – E Argentina em 47º (0,842). O país também fica atrás de Uruguai em 58º (0,809) e Peru (84º, com 0,762).
A reversão, segundo a ONU, foi quase que universal. Mais de 90% dos 191 países registraram declínio na pontuação do IDH em 2020 ou 2021. E mais de 40% caíram nos dois anos – como o Brasil. O relatório do Pnud avalia que a queda consecutiva “sinaliza que a crise ainda está se aprofundando em muitos deles”.
Os países da América Latina, Caribe, África Subsaariana e sul da Ásia foram os mais atingidos, mostra o documento. Os IDHs mais baixos foram registrados no Sudão do Sul (0,385), Chade (0,394) e Níger (0,400). Já Suíça (0,962), Noruega (0,961) e Islândia (0,959) permaneceram no topo da lista de Desenvolvimento Humano.