18/07/2022
É razoável se preocupar que uma possível recessão ou desaceleração econômica possa afetar nossa vida, especialmente nossas finanças. Para quem acha que ainda não está preparado, deixar os receios de lado e agir é o melhor a se fazer. Existem muitas medidas que uma pessoa [família] comum pode adotar para se blindar contra os efeitos de tempos financeiros difíceis e até mesmo fazer com que tenham pouco impacto em sua vida.
Afastar-se de riscos financeiros [evitáveis]
Algumas medidas simples podem reduzir riscos evitáveis, o que ajuda e muito a enfrentar tempos difíceis: (i) não se tornar fiador de um empréstimo; não assumir novas dívidas ou fazê-lo com taxas atreladas a indicadores pós-fixados (especialmente índices de preços); se pensar em deixar o emprego atual, preparar-se para levar mais tempo até encontrar um outro; se for empreendedor, proprietário de uma empresa, pode ser necessário adiar alguns gastos com melhorias/expansões e evitar assumir novos compromissos financeiros enquanto a economia estiver desaquecida.
Viver dentro das possibilidades
Pessoas [famílias] que já vivem dentro de suas possibilidades durante os tempos de ‘vacas gordas’, têm menor probabilidade de precisar se endividar quando os preços de itens básicos de consumo sobem. E, geralmente, são as que conseguem mais facilmente ajustar seus gastos em outras áreas para manter o orçamento doméstico equilibrado. Dívida gera mais dívida quando não se pode pagá-la imediatamente. Se os preços dos combustíveis e dos alimentos estão altos, imagina se tiver de pagar com o cartão de crédito e não conseguir quitar a fatura integral no vencimento. Os juros cobrados no rotativo do cartão vão fazer um estrago grande em um orçamento já combalido.
Uma recomendação extrema, mas de grande relevância: quem tem cônjuge/companheiro(a) e ambos auferem renda, cabe avaliar o quanto poderiam viver [sem grandes sacrifícios] da renda de apenas um dos dois. Nos tempos de bonança, essa prática permite economizar uma boa soma de dinheiro. E nos tempos de ‘vacas magras’ [tempos difíceis de maior custo de vida, ou se um dos dois perder o emprego, por exemplo], as finanças domésticas não sofrerão tanto porque o orçamento já estaria adequado a viver com uma renda apenas.
A velha e boa reserva de emergência
Para quem construiu e mantém um fundo de emergência [atualmente, com possibilidade de ser remunerado a praticamente 1,0% a.m., incorrendo apenas em risco soberano, como é o caso de alocação em Tesouro Selic), o dinheiro além de não estar sujeito às oscilações do mercado, irá render diariamente, terá alguma proteção contra a inflação [melhor do que deixar parado na Poupança] e ainda manterá sua alta liquidez, podendo ser acessado a qualquer momento de ‘perrengue’ inesperado [perda do emprego; corte salarial].
Além disso, podendo contar com a reserva de emergência, haverá menos [ou talvez, nenhuma] necessidade de recorrer a empréstimos para cobrir despesas inesperadas. Quando chegarem tempos difíceis e/ou dificuldades financeiras inesperadas ocorrerem, o fundo de emergência estará lá para cobrir as despesas necessárias. Só não se pode descuidar de manter o orçamento sob controle em relação aos gastos discricionários, para que o dinheiro da reserva de emergência não venha a se exaurir rapidamente e tão logo quanto possível deve-se restaurar esse ‘colchão financeiro’ ao nível adequado.
Ter Fontes de Renda Adicional
Mesmo para quem tem um ótimo emprego em tempo integral, não é uma má ideia ter uma fonte de renda extra, seja algum trabalho de consultoria ou ministrar aulas presenciais ou em pequenos cursos online. No que você é bom? Veja o que você faz bem e como pode usar esses talentos para ganhar dinheiro. Mais ocupações que gerem renda significam mais tranquilidade nos tempos difíceis. Obter diversos fluxos de renda é fundamental. Se chegar a perder uma fonte de renda, pelo menos ainda terá outra. Cada Real ajuda de alguma forma.
Investir Bônus [Participação em Lucros e Resultados] e Reembolsos [Restituição de IR]
Uma boa forma de direcionar algum dinheiro para investir [cujo esforço para poupar não é tão doloroso] é, em vez de ostentar, passar a alocar quaisquer recursos extras (PLR, Adicional de 1/3 sobre as férias] que se receba ao longo do ano de trabalho, bem como restituições de imposto de renda pago em excesso em anos calendários anteriores. Como se tratam de valores adicionais aos ganhos regulares/normais, é menos provável que se sinta algum aperto no orçamento se forem guardados/poupados para investir.
Tanto pode ser útil para ampliar o fundo de reserva de emergência, ou aumentar sua contribuição para o plano de previdência privada, como também para alocar em investimentos que venham a gerar renda passiva (FII-Fundos de Investimentos Imobiliários ou boas ações pagadoras de dividendos, a depender do perfil do investidor e sua tolerância ao risco], o que será bem recompensador no futuro.
É importante buscar estratégias adequadas de investimento de acordo com os objetivos que forem definidos. Muitas pessoas [famílias] são ingênuas sobre muitos aspectos de seu bem-estar financeiro E nem todas estão aptas a tomarem, sozinhas, decisões que envolvam a gestão de seus recursos financeiros. Nós não fazemos cirurgias em nós mesmos. Recorremos a médicos para fazê-las para nós. Em se tratando do nosso dinheiro, também é prudente que busquemos ajuda profissional.
Fortaleza-CE, 27/06/2022
Marcos Miranda, CFP®
(Instagram) @marcosjrmiranda
Os artigos de Marcos Miranda também podem ser lidos no Linkedin, sob a denominação Finanças $inceras.