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Balneário Camboriú: avaliada em milhões, última casinha de madeira de praia será demolida

22/09/2023

Reproduzimos parcialmente, a seguir, reportagem da BBC News Brasil.
A matéria aborda questões ambientais, relacionadas à explosão imobiliária, aos interesses econômicos e às mudanças de comportamento da sociedade ao longo das últimas décadas. Focalizada na realidade de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, reflete uma situação que também acontece em outras cidades litorâneas brasileiras.

Reportagem de Thais Porsch – para a BBC News Brasil.

De frente para o mar, pintada de branca e com detalhes vermelhos, é possível avistar a última “casinha da avenida Atlântica”. Pois, ao contrário dos arranha-céus de Balneário Camboriú e das casas de luxo com muros altos, seus portões brancos baixos são vazados, o que permite aos curiosos a observarem de perto.

Ao longo dos anos, o imóvel ganhou até status de atrativo turístico.

Porém, resta pouco tempo para a última casa de madeira na mais nobre avenida da cidade: a residência de número 4100 será demolida para dar lugar a um prédio de 12 andares.

A casinha branca de esquadrias e janelas vermelhas tem 139 m², ocupando a maior parte do terreno de 286 m².

Exemplo de Arquitetura Popular, um estilo amplamente difundido em Santa Catarina entre o final do século 19 e meados do século 20, esse tipo de construção apresenta soluções simples, com materiais limitados – segundo a arquiteta e professora da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) Alessandra Devitte.

A arquitetura em madeira, em geral, acompanhou a evolução socioeconômica e cultural da região Sul, diz ela. Essa arquitetura incorporou influências estéticas de diversas culturas, especialmente da imigração alemã, italiana e polonesa, que trouxeram novas técnicas e estilos de construção.

A madeira tem destaque, especialmente entre imigrantes alemães (oriundos de uma cultura florestal), pela abundância do material na região naquela época.

A demolição da casa, na visão de Devitte, representa não apenas uma perda material, mas histórica e cultural.

“A preservação da arquitetura popular desempenha um papel crucial na manutenção da identidade cultural e histórica de uma comunidade. Ela reflete as tradições, os ofícios tradicionais, os valores e os modos de vida do povo”, diz a arquiteta.

O pedido de demolição da casinha e o protocolo do projeto foram feitos em dezembro de 2022 para análise da Secretaria de Planejamento. E, em janeiro de 2023, o alvará de demolição foi emitido.

O imóvel na Barra Sul de Balneário Camboriú foi construído antes mesmo da hoje chamada “Dubai brasileira” (em referência à abundância de prédios altos) virar cidade. A casa foi construída em 1956 e adquirida em 1973 por Lio Cesar de Macedo, morto em 2016.

Ao longo dos anos, a modesta casa viu seu entorno ser tomado por prédios, estando hoje “espremida” entre os edifícios.

Embora a casinha seja vista por muitos como símbolo de resistência na região, os herdeiros de Macedo – que usavam o imóvel para veraneio até o ano passado – possivelmente negociaram a residência à beira-mar por um valor condizente com um título que a cidade ostenta hoje: o metro quadrado mais caro do Brasil, segundo o índice Fipe-Zap

Um corretor local consultado pela BBC News Brasil estimou que o imóvel pode ter um valor de R$ 15 milhões a R$ 18 milhões, considerando as cotações imobiliários da área.

Em 2019, um dos filhos, João Ferreira de Macedo Neto, disse a um jornal local de Balneário que não tinha interesse em vender o imóvel. A família foi procurada, mas não respondeu ao pedido de entrevista da BBC News Brasil.

Para ler a íntegra, com acesso às imagens da Camboriú de ontem e de hoje, acione o link abaixo.

https://www.bbc.com/portuguese/articles/c88j218nzgmo

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