03/03/2021
Transcrevemos a seguir informação extraída do portal da Fiocruz.
O projeto de vigilância do novo coronavírus em esgotos de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, teve resultados publicados no periódico Water Research, uma prestigiada revista científica internacional. Os achados destacam o uso da metodologia como um sistema de alerta precoce para o surgimento de novos casos de Covid-19, permitindo ações de saúde pública e medidas de prevenção mais rápidas. A publicação contempla o período de abril a agosto de 2020, quando foram coletadas 223 amostras. O projeto soma mais de 400 coletas. A iniciativa é da Fiocruz, em parceria com a prefeitura do município e a concessionária Águas de Niterói.
O monitoramento tem como base a eliminação do coronavírus nas fezes das pessoas infectadas, o que faz com que o patógeno possa ser encontrado no esgoto. Além de verificar a presença ou ausência do vírus em tubulações e estações de tratamento de esgoto (ETEs), os pesquisadores analisam a quantidade de material genético viral presente nas amostras. Os dados são utilizados para produzir mapas de calor, caracterizando a transmissão nas diferentes regiões da cidade. O município disponibiliza as informações para a população através do portal Acompanhamento dos Casos de Coronavírus (Covid-19) Niterói.
“A partir do momento em que foi identificada a presença do coronavírus nas fezes, estudos sobre epidemiologia baseada no esgoto foram iniciados em diversos países. Em Niterói, conseguimos implantar o projeto no começo da pandemia e observamos que a metodologia é capaz de apontar a dispersão do vírus no ambiente, contribuindo para subsidiar as estratégias de enfrentamento das autoridades de saúde. A cooperação entre os laboratórios da Fiocruz, a Prefeitura de Niterói e a concessionária Águas de Niterói foi fundamental para esse resultado”, afirma Marize.
Um dos exemplos da eficácia da metodologia foi a identificação de transmissão oculta da Covid-19 na comunidade Boa Esperança, em Piratininga, Região Oceânica da cidade. Na segunda semana do monitoramento, o vírus foi detectado em tubulações de esgoto da localidade, onde ainda não havia registro oficial de casos. A partir do resultado, equipes do Programa de Saúde da Família foram às ruas para encontrar possíveis infectados, por meio da identificação de pessoas com sintomas e realização de testes diagnósticos. Ações para conter a disseminação da doença foram implantadas, e a população recebeu orientações sobre o agravo.
“Nessa pandemia, nos deparamos com o inusitado e não havia parâmetros para a gestão. O monitoramento do esgoto expandiu a base de evidências científicas. No início, em abril de 2020, funcionou como um alerta sobre a chegada do vírus aos territórios da cidade. Hoje, é mais um parâmetro que quantifica a carga viral do vírus presente nos esgotos sanitários de cada um dos pontos de coleta, permitindo assim, uma comparação regionalizada com o número de notificações dos casos. Os dados são sistematicamente lançados em um painel virtual, de acesso público. A transparência dos dados contribui para que a população possa acompanhar a evolução da história natural dessa nova doença”, comenta a diretora de Atenção à Saúde da Fundação Estatal de Saúde de Niterói (Fesaúde/Niterói), Stefania Soares.
Liderado pelo Laboratório de Virologia Comparada e Ambiental do IOC/Fiocruz, o projeto tem a colaboração do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo, também do Instituto, e do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz). Na Prefeitura de Niterói, a pesquisa conta com a cooperação das Secretarias Municipais de Saúde; de Planejamento, Orçamento e Modernização da Gestão; e de Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Sustentabilidade; além do Sistema de Gestão da Informação (SIGeo Niterói).
Informação extraída do portal da Fiocruz. Para ler a íntegra, acesse o link abaixo.