24/07/2023
Um levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) reforça a importância dos bancos públicos em favor do desenvolvimento econômico e regional, controle da concorrência no mercado financeiro e oferta de crédito.
A entidade aponta que pela primeira vez em sete anos, ou seja, desde 2016, a carteira de crédito dos bancos públicos superou a dos bancos privados. No período de um ano, encerrado em março de 2023, a oferta de crédito das instituições financeiras estatais cresceu 13,78%, enquanto a dos bancos privados teve alta de 10,89%.
“A oferta de crédito em momentos de crise é uma ação que chamamos de anticíclica, ou seja, voltada para minimizar os efeitos do ciclo econômico vigente. E isso é importante porque contribui para o aquecimento da economia, por estimular o consumo das famílias e empresas”, explica Filipe Barreiros, que compõe a equipe de técnicos responsáveis pelo estudo do Dieese. “Em outras palavras, os bancos públicos são instrumentos para a oferta de crédito em momentos de crise, quando os bancos privados tendem a reduzir a concessão de crédito e, assim, acabam contribuindo para o processo de recessão da economia”, completa.
Foi, por exemplo, a atuação anticíclica dos bancos públicos, a partir de 2008, que impediu que a crise financeira mundial que ocorria naquele momento atingisse o Brasil na mesma magnitude que atingiu outros países. Entre 2008 e 2016, a participação relativa dos bancos públicos no saldo de crédito passou de 36% para 56%, enquanto a participação dos bancos privados reduziu de 64% para 44%.
Sem os bancos públicos, importantes áreas e atividades que necessitam de expansão no Brasil, como infraestrutura, saneamento, habitação, setores agrícolas e industriais, seriam ainda mais prejudicadas. “Tradicionalmente, por suas características, [esses] são tipos de financiamento que pouco interessam aos bancos privados, voltados à retornos mais rápidos e seguros”, diz o estudo do Dieese, destacando dados que mostram que o Brasil tem uma baixa relação entre saldo de crédito e PIB, se comparado a países que são referência no desenvolvimento.
De acordo com dados do Banco Mundial, em 2008, o crédito doméstico no Brasil para o setor privado tinha uma relação de apenas 45,8% do PIB. Em 2021, estava em 71,4%, ainda assim muito aquém, se comparado aos Estados Unidos, Japão e China, onde a relação crédito/PIB é de 216,3%, 196,6% e 178,1%, respectivamente.
Fonte: Sindicato do Bancários do Ceará