24/05/2024
Reproduzimos, a seguir, informação extraída do portal Rede Brasil Atual, publicada com base no portal g1.
Além de atuar como uma proteção costeira natural, os manguezais contribuem com a regulação climática e o sequestro de carbono. Sua cobertura vegetal ajuda na redução das emissões de gás carbônico, associado ao aquecimento global e às mudanças climáticas.
O ICMBio estima que cerca de 25% dos manguezais brasileiros tenham sido destruídos desde o começo do século passado
As inundações que destruíram municípios inteiros do Rio Grande do Sul devido a temporais desde o final de abril poderiam ser evitados com a proteção de áreas de manguezais. É o que reforça pesquisa da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em parceria com a USP e outras instituições do Brasil e do Exterior.
Segundo o professor do Departamento de Oceanografia da Ufes, Angelo Bernardino, que participou do estudo, esses ecossistemas podem ajudar a minimizar impactos que podem vir a ser sentidos na capital Vitória e diversas outras cidades com o avanço do nível do mar. E também com a alta frequência com que os temporais tendem a se repetir na região, a exemplo do que tem ocorrido no Rio Grande do Sul.
“Como temos uma área grande de manguezal em Vitória, é normal que ele consiga reter muito mais carbono e, dessa forma, consiga ajudar ainda mais o meio ambiente. O que aconteceu em Porto Alegre pode acontecer em Vitória, já que temos uma cidade construída em áreas baixas, próximo da altura do nível do mar. Então, os manguezais da nossa região podem ajudar a minimizar esses impactos, principalmente se forem resgatados”, disse o professor.
Os manguezais contribuem com a regulação climática e o sequestro de carbono. Na prática, sua cobertura vegetal ajuda na redução das emissões de gás carbônico, associado ao aquecimento global e às mudanças climáticas. Esse processo é mais eficiente no mangue porque o solo é alagado e sem oxigenação. E é essa falta de oxigênio que explica o sequestro de carbono até três vezes maior no solo quando comparados à mesma área de uma floresta terrestre.
Por isso, manter florestas de manguezais preservadas, evitando seu desmatamento, impede, altas emissões de gases de efeito estufa e contribuem para diminuir as mudanças do clima.
“Os mangues fazem o mesmo serviço dos muros, só que de maneira natural. Atuam como uma proteção costeira natural. Quando o mar se eleva, os manguezais ajudam a proteger a costa e a linha ao redor das cidades. Eles são importantes para as nossas questões climáticas, então é importante que o poder público reconheça isso e não deixa que essas áreas sejam perdidas”, explicou o professor.
Os manguezais encontram ambientes propícios para se estabelecer, se desenvolver e se manter em toda a costa brasileira, com exceção do litoral do Rio Grande do Sul. O que explica isso é que, nessas latitudes, as condições climáticas necessárias são incompatíveis.
O Brasil abrange o segundo maior repositório de manguezais do mundo. E, no Espírito Santo, segundo a Prefeitura de Vitória, a cidade possui o maior manguezal urbano da América Latina, com 12 km² de mangue. Com isso, o manguezal que a cidade abriga pode ser um fator crucial para ajudar a controlar alguns dos impactos causados pelo ser humano na natureza, o que reforça a necessidade da proteção.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) estima que cerca de 25% dos manguezais brasileiros já tenham sido destruídos desde o começo do século passado. Os que ainda persistem são classificados como ameaçados de extinção. Estimativas do instituto apontam que 40% do que já foi extensão contínua de manguezais não existe mais, principalmente no Sudeste e no Nordeste.
Os manguezais no país possuem um potencial inexplorado para aliviar as condições climáticas, capturando cerca de 468,3 toneladas de carbono por hectare que seriam lançadas no ar. Esse valor representa uma capacidade aproximadamente de três a 20 vezes maior que a dos biomas de terras altas brasileiros.
Para entender melhor o impacto potencial dos mangues e defender esses ecossistemas costeiros cruciais, foram analisadas 900 amostras de solo e medições de árvores de mais de 190 lotes florestais para determinar os níveis de emissão de manguezais em áreas intocadas e desmatadas perto da foz do Rio Amazônia.
Foram quatro anos de expedição na Amazônia para mapear os manguezais, coletando amostras de solo. Depois, o material era levado para laboratório para o carbono ser quantificado e calcular quanto que os mangues trocam de gases.
(Redação: Cida de Oliveira/RBA, com g1)