05/06/2023
Reportagem extraída do portal Rede Brasil Atual… (Ruben Oscar/Creative Commons)
Ampliando o espectro, de cada 100 pessoas do continente, 77 estão em situação de vulnerabilidade. Enquanto isso, os 10% mais ricos ostentam 71% de toda a riqueza. Além disso, 60% destes, jamais produziram nada. São herdeiros que sequer pagaram impostos pelo patrimônio exacerbado.
Com as propostas tributárias em vigor, estima-se que o bloco possa arrecadar aproximadamente 26 bilhões de dólares por ano. No Brasil, a campanha foi lançada em outubro e consiste em oito projetos legislativos que, se aprovados, poderiam gerar uma arrecadação de R$ 300 bilhões por ano, com uma taxa de apenas 0,3% sobre os mais ricos.
Jorge Coronado, especialista em tributação internacional e porta-voz da campanha, destaca que o atual sistema tributário afeta de forma significativa os mais vulneráveis, uma vez que incide sobre o consumo. Ele argumenta que essa situação é escandalosa, especialmente diante da pandemia, que está ceifando vidas e agravando a pobreza e a desigualdade. Com a perda de 20 milhões de empregos, a intenção é reconstruir os países com uma contribuição justa por parte daqueles que possuem mais recursos.
Dentre as medidas propostas, destacam-se a tributação dos ganhos de capital dos 10% mais ricos e suas empresas, a taxação de heranças e doações, a atualização dos valores dos imóveis para fins de cobrança de impostos e a tributação daqueles que possuem mais de US$ 1 milhão.
Maria Regina Duarte Paiva, presidente do Instituto Justiça Fiscal (IJF) e representante brasileira na campanha latino-americana, destaca que os cadastros nacionais possuem informações detalhadas sobre os indivíduos de baixa renda, enquanto sabem muito pouco sobre os milionários, uma realidade comum em todos os países.
“Os ricos não declaram corretamente seus ativos ou fornecem informações muito abaixo do que realmente possuem”, ressalta Adrian de Falco, argentino membro da campanha. Carlos Bedoya, da rede Latindadd, enfatiza a necessidade de reformas tributárias em todos os países do bloco, onde a falta de cobrança de impostos ou a subtributação são uma realidade comum.
Veronica Serafini, representante da Latinddad no Paraguai, destaca que a pandemia revelou um cenário desolador: jovens perdem empregos e abandonam os estudos, mulheres sofrem mais com a perda de emprego e renda durante o isolamento, pois não têm acesso a serviços públicos como escolas para seus filhos, além do aumento da violência doméstica e do estresse. As crianças são profundamente prejudicadas por estarem em casa, e aqueles com mais de 50 anos enfrentarão dificuldades para encontrar emprego e se aposentar. “As dívidas dos países aumentarão significativamente e os governos levarão gerações para se recuperar do endividamento, a menos que medidas de justiça fiscal sejam implementadas”, alerta a economista.
“Taxar a riqueza não é apenas uma necessidade ética. É a única ferramenta para acabar com a pobreza e a desigualdade”, conclui o porta-voz da campanha.