11/03/2020
Confira a entrevista que a juíza de direito Karen Luise Vilanova Batista de Souza concedeu ao portal Brasil de Fato-RS.
“Nós somos o resultado de nossas circunstâncias, de como nos constituímos, como vemos o mundo. Se você tem uma criação e uma vivência que se aproxima ou se afasta desse olhar feminino, se você não tem leitura sobre isso, se você não se interessa sobre essas questões, você vai reproduzir comportamentos da sociedade, e a nossa é machista”, analisa a juíza Karen Luise Vilanova Batista de Souza, da 1ª Vara do Júri de Porto Alegre.
Karen, como ela mesmo pontua, não é a primeira juíza negra do Estado do Rio Grande do Sul. Se não se engana, houve uma ou duas antes dela, porém, sua atuação e representatividade crítica da magistratura faz com que seja apontada como tal. O campo de atuação de Karen é similar há tantos outros, feitos, geridos predominantemente por homens brancos. Conforme revela a ferramenta Justa, lançada em agosto de 2019, e que tem como objetivo ser um observatório permanente do sistema de Justiça brasileiro, para cada juíza negra há 7,4 juízes brancos, no país.
“Sou uma juíza de Direito, mas sou uma juíza de Direito negra. Isso é um fator importante, porque eu sou praticamente a única e a sociedade tem que prestar atenção nisso, se as estruturas sociais continuarem funcionando, poucas haverão iguais a mim”, critica.
Filha de um advogado e uma farmacêutica, trilhou o caminho paterno e foi além. Há mais de duas décadas na magistratura gaúcha, a mãe da Júlia e da Alice também é membra da Associação dos Juízes para a Democracia (AJD). Foi diretora do Departamento de Direitos Humanos da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris) e Presidente do Instituto de Acesso à Justiça (IAJ). É formadora da Escola Nacional de Formação de Magistrados.
Para mudar a realidade da magistratura, ela defende que precisa ser mais plural e diversa. “Quanto mais pessoas partindo de diferentes lugares, de diferentes espaços, mais visões diferentes sobre o mundo vamos ter. Se você só tem homens brancos na magistratura, você vai ter a visão e a vivência e a experiência do homem branco no mundo. A experiência de um homem negro jamais será igual à de uma mulher negra no Brasil”.
Em entrevista ao Brasil de Fato RS, para a série especial sobre o 8 de Março, ela revela que a Karen que entrou em 1999 no Judiciário, com cabelo alisado, curto, não é mais a mesma. Hoje, assume seus cachos, e afirma cada vez mais sua identidade.
Confira a entrevista, na íntegra, através do link abaixo: