27/10/2023
Reproduzimos, a seguir, informação extraída do portal da Agência Brasil
Dados mais recentes sobre a população brasileira, divulgados nesta sexta-feira (27) pelo IBGE, ratificam o processo de envelhecimento no país, com recorde no número de idosos. No período de 12 anos, de 2010 até 2022, data do atual Censo, o número de pessoas com 65 anos ou mais cresceu 57,4% – de 14,1 milhões para 22,2 milhões. Esse grupo representa agora 10,9% do total da população, participação recorde nos recenseamentos. Em 1980, por exemplo, eram apenas 4%.
Na outra ponta, o percentual de crianças e adolescentes de até 14 anos (40,1 milhões) caiu para 19,8% do total. Eram praticamente o dobro em 1980 (38,2%) e representavam 24,1% em 2010. A maioria se concentra dos 15 aos 64 anos (69,3%, ante 57,7% em 1980).
Assim, os resultados divulgados hoje “evidenciam o franco envelhecimento da população brasileira”, segundo o IBGE. “Ao longo do tempo a base da pirâmide etária foi se estreitando devido à redução da fecundidade e dos nascimentos que ocorrem no Brasil. O que se observa ao longo dos anos é redução da população jovem, com aumento da população em idade adulta e também do topo da pirâmide até 2022”, comenta a gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do instituto, Izabel Marri.
A segunda apuração do Censo, com ajustes, aponta população de 203.080.756 habitantes. “Após a divulgação dos primeiros resultados foi necessário realizar, pontualmente, alguns procedimentos de revisão, que acarretaram nessa diferença ínfima em termos percentuais”, diz o gerente técnico do Censo, Luciano Duarte. Em relação aos resultados anteriores, houve alteração em 566 municípios.
Entre as regiões, o Norte é a mais “jovem” do país, com 25,2% da população até 14 anos. O Nordeste vem logo a seguir, com 21,1%. “As regiões Sudeste e Sul apresentam estruturas mais envelhecidas, com 18% e 18,2% de jovens de 0 a 14 anos, e as maiores proporções de idosos com 65 anos e mais (12,2% e 12,1%, respectivamente)”, informa o IBGE. Já o Centro-Oeste mostra “estrutura intermediária”, perto da média nacional.
“Podemos perceber que a queda da fecundidade ocorreu primeiramente no Sudeste e no Sul do Brasil, o que as faz as regiões mais envelhecidas, com menor proporção de jovens”, afirma a gerente. “A região Norte, embora também tenha registrado uma redução da fecundidade ao longo dos últimos anos em todos os estratos socioeconômicos, ainda se mantém a região proporcionalmente mais jovem. Também é na região Norte que observamos a menor proporção de pessoas adultas e idosas em relação às outras regiões”, acrescenta.
Em 12 anos, pessoas a partir dos 65 anos passaram de 14 milhões para 22 milhões
Já a mediana da idade subiu de 29 anos, em 2010, para 35 anos em 2022. Esse indicador considera uma população dividida entre os 50% mais jovens e 50% mais velhos. A mediana subiu nas cinco regiões: foi a 29 anos no Norte, 33 no Centro-Oeste e no Nordeste, 36 no Sul e 37 no Sudeste.
“Quando olhamos para as unidades da federação, não só a queda da fecundidade irá alterar essa idade mediana, mas podemos ter um efeito também de migração, com o recebimento de pessoas de um determinado grupo etário em certos estados, principalmente dos jovens adultos, assim como naqueles estados de onde os migrantes saem. Esses fatores também impactam e ajudam a entender a idade mediana observada nas UFs e nos municípios”, analisa Izabel.
As mulheres continuam sendo maioria no país: 51,5%, ante 48,5% dos homens. A população feminina soma 104,5 milhões e a masculina, 98,5 milhões. Dessa forma, elas são 6 milhões a mais. Em 2010, a proporção era de 96 homens para cada 100 mulheres, e agora é de 94,2.
“Isso está relacionado com a maior mortalidade dos homens em todos os grupos etários: desde bebê até as idades mais longevas, a mortalidade dos homens é maior”, lembra a gerente. “Além disso, nas idades adultas, a sobremortalidade masculina é mais intensa. E, com o envelhecimento populacional, a redução da população de 0 a 14 anos e o inchaço da população mais idosa há um aumento da proporção de mulheres, já que elas sobrevivem mais em relação aos homens.”
A menor proporção de homens está no Sudeste (92,9). A maior, no Norte, onde há quase equivalência (99,7), mas pela primeira vez essa região mostrou maioria de mulheres.
De acordo com o Censo, municípios menos populosos (até 5 mil habitantes), tinham, em média, os maiores índices de envelhecimento, com 76,2 idosos para cada 100 pessoas de até 14 anos. Nos mais populosos (até 500 mil), a proporção caía para 63,9/100. O índice de envelhecimento cai nos municípios de 5 mil até 50 mil e 100 mil, voltando a aumentar depois disso. “Uma possível explicação para esse fenômeno é o deslocamento de pessoas em idade economicamente ativa para as maiores cidades em busca de emprego, educação e serviços. Esse deslocamento de pessoas adultas com seus filhos é predominantemente de pessoas em idade reprodutiva, o que também resultará em um menor número de crianças e nascimentos nas cidades menores, de origem.”