23/06/2023
Reproduzimos, a seguir, reportagem extraída do portal da Agência Brasil…
O Índice de Desempenho Socioeconômico (IDS) do Brasil subiu 12, 8% entre 2008-2009 e 2017-2018, períodos das duas últimas edições da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). O indicador saiu de 5, 452 para 6,147. Somadas as aquisições não monetárias de serviços, o IDS atinge 6, 212, captadas apenas na edição 2017-2018.
As categorias que tiveram mais importância na composição dos efeitos marginais do IDS para o Brasil, em 2017-2018, foram educação e acesso aos serviços financeiros e padrão de vida. Os percentuais ficaram em torno de 19%. Moradia atingiu 16, 1% e acesso aos serviços de utilidade pública e saúde e alimentação, cerca de 14% do total dos efeitos marginais observados no resultado deste indicador.
Considerando as aquisições não monetárias de serviços, os maiores IDS no período 2017-2018, ficaram com o Distrito Federal (6, 981) e São Paulo (6, 878). As menores taxas foram as do Maranhão (4, 909) e do Pará (5, 108). Os dados fazem parte da POF 2017-2018: Evolução dos indicadores de qualidade de vida no Brasil, divulgada nesta sexta-feira (23) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o IBGE, a renda não monetária é a soma de todos os valores dos bens e serviços pelos quais a pessoa não precisou pagar. São incluídos aí valores de bens e serviços prestados pelo governo, como os de saúde, e de famílias que têm despesas pagas por um parente, assim como o aluguel estimado.
“Na POF, além de se perguntar por todas as despesas que as pessoas tiveram no período de referência, de produtos e serviços [em ] que elas efetivamente desembolsaram dinheiro — por exemplo, pagou uma consulta médica, então, este é um serviço monetário –, mas tem casos em que quem pagou a consulta foi um parente. Isso entrou de forma não monetária, como no caso de uma consulta pelo SUS [Sistema Único de Saúde ] em que também não se desembolsa dinheiro”, explicou a analista do IBGE Luciana dos Santos, em entrevista coletiva virtual.
De acordo com a pesquisa, todas as unidades da federação apresentaram ganhos. Roraima (32%) e Sergipe (25, 8%) tiveram o maior crescimento e Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, o menor, 9, 1% e 5, 6%, respectivamente.
Em um período de quase dez anos, a perda de qualidade de vida da população recuou de 0, 227 para 0,157. No período entre a POF 2008-2009 e a mais recente, de 2017-2018, o Índice de Perda de Qualidade de Vida (IPQV) teve retração de 30, 8%. “A variação do IPQV de 30, 8%, indo de 0, 227 para 0, 157, reflete não só a melhora de um grupo, mas de todos os grupos. A redução do índice reflete a melhora tanto para pessoas que tinham perdas elevadas, quanto para as que tinham poucas perdas. Nesse período, a melhora foi praticamente generalizada”, disse o analista da pesquisa Leonardo Oliveira, também durante a entrevista.
No IPQV calculado após a última edição da POF, o índice ficou em 0, 183, quando a pessoa de referência era preta ou parda, o que significa queda de 31, 4% em relação à pesquisa anterior, e chegava a 0, 122, quando ela era branca, o que equivale a retração de 32, 3%. Como as taxas dos indicadores caem em patamares parecidas, a desigualdade entre os dois grupos em termos relativos permanece, acrescentou Oliveira.
Apesar das melhoras, houve desigualdades também nos grupos em que a pessoa de referência é mulher (-27, 6%) e no que tem como referência o homem (-33, 5%). “A melhora no caso do grupo em que a pessoa de referência é o homem é um pouquinho maior”, ressaltou o analista.
A pesquisa mostrou que, ao se observar o comportamento das regiões urbana e rural, a retração da perda agregada aproximou-se do mesmo percentual encontrado para o Brasil. Para a área urbana, o IPQV saiu de 0, 205 para 0, 142 e, para a rural, de 0, 337 para 0,244. “Um destaque adicional é que, apesar da redução da perda, as contribuições para a composição do índice nacional ficaram estáveis no tempo, sendo a contribuição da população que vivia na área urbana em torno de 75% do IPQV. Por outro lado, a população concentrada na área rural manteve sua contribuição em torno de 25%”, informou o IBGE.
Para dar sequência à série de estudos que apuram a qualidade de vida no Brasil, dentro das estatísticas experimentais do IBGE, a pesquisa faz uma análise temporal do tema, baseada no cálculo do Índice de Perda de Qualidade de Vida e do Índice de Desempenho Socioeconômico relativos às edições de 2008-2009 e 2017-2018. Esta é a primeira vez que o IBGE faz a comparação temporal dos dois indicadores que medem a qualidade de vida da população com base em dados das duas últimas edições da POF.
“O IPQV é apresentado por recortes geográficos; variáveis associadas à qualificação para o convívio social e para o ingresso na atividade econômica, como a escolaridade; e variáveis relativas à inserção da pessoa de referência da família no mercado de trabalho. O IDS, por sua vez, é apresentado para o Brasil e as unidades da federação”, informou o diretor de Pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo Pereira, no texto de apresentação da pesquisa.
O IBGE informou que, por causa da relevância e do impacto dos resultados alcançados com o cálculo dos dois índices para a POF 2017-2018, os pesquisadores decidiram ampliar a análise desses indicadores multidimensionais para a pesquisa 2008-2009 e observar a evolução da qualidade de vida da população brasileira entre as duas edições da pesquisa.
“A análise temporal ora empreendida também tem natureza experimental, por contemplar estatísticas novas, que ainda estão em fase de teste e sob avaliação”, completou o IBGE.
Segundo o IBGE, a Pesquisa de Orçamentos Familiares traz informações sobre a composição orçamentária doméstica, as condições de vida e o perfil nutricional da população, medindo as estruturas de consumo, dos gastos, dos rendimentos e parte da variação patrimonial das famílias. “Possibilita traçar, portanto, um perfil das condições de vida da população brasileira a partir da análise de seus orçamentos domésticos.”
(Edição: Nádia Franco)