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Brasil, EUA, Tarifas
Governo Lula aciona OMC contra tarifaço de Trump

06/08/2025

Reproduzimos, a seguir, informações extraídas do portal de notícias Brasil de Fato.

O governo brasileiro entrou nesta quarta-feira (6) com um pedido de consulta na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros. A decisão é tomada no mesmo dia em que o tarifaço anunciado pelo presidente estadunidense, Donald Trump, entra em vigor, elevando a 50% as taxas sobre uma série importações do Brasil.

Em nota, o Itamaraty disse que o pedido é o primeiro passo antes de abrir um painel na OMC — ferramenta de julgamento da organização. A consulta apresenta um questionamento sobre as medidas e diz que os EUA “violam flagrantemente compromissos centrais assumidos por aquele país na OMC, como o princípio da nação mais favorecida e os tetos tarifários negociados no âmbito daquela organização”, diz o documento.

O Itamaraty reforça a posição de diálogo que o governo brasileiro pretende manter nas negociações e diz esperar que a consulta ajude a resolver a questão. Os dois países devem marcar, nas próximas semanas, as reuniões como parte do processo. 

A consulta foi respaldada por uma resolução do governo brasileiro emitida na terça-feira (5), permitindo que o Itamaraty usasse justamente os mecanismos disponíveis pela OMC para contestar as sobretaxas dos EUA.

Tarifaço

As tarifas começaram a valer a partir de meia-noite desta quarta-feira (6). Entre os produtos incluídos na lista, a sobretaxa de 50% afetará pedras naturais, café, carnes, frutas, roupas e calçados. Segundo o governo brasileiro, 36% das exportações brasileiras para os EUA serão sobretaxadas. A decisão da Casa Branca, no entanto, deixou de fora 694 itens, como suco de laranja, aviões e celulose, que representam grande parte da exportação brasileira.

Trump já havia anunciado uma taxa de 10% ao Brasil no início de abril. Mais recentemente, comunicou a sobretaxa de 40%. A medida que tem finalidade econômica foi justificada por Trump como uma decisão política. Ao oficializar a tarifa, o estadunidense saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, o que reforçou o caráter político da medida. 

“A ordem considera que a perseguição, intimidação, assédio, censura e processo politicamente motivados pelo governo do Brasil contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e milhares de seus apoiadores são graves violações dos direitos humanos que minaram o Estado de direito no Brasil”, diz um trecho do comunicado oficial da Casa Branca. 

O documento também cita nominalmente o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo contra Bolsonaro no STF. O magistrado “tem abusado de sua autoridade judicial para ameaçar, atingir e intimidar milhares de seus oponentes políticos, proteger aliados corruptos e suprimir dissidências”, diz outro trecho. 

Moraes foi sancionado com base na Lei Magnitsky, que permite a Washington impor sanções a cidadãos estrangeiros acusados de corrupção em larga escala ou graves violações de direitos humanos. Entre as sanções previstas estão bloqueio de bens nos Estados Unidos e restrições financeiras, além da proibição de transações com empresas e cidadãos estadunidenses. Moraes não tem bens nem investimentos no país norte-americano.

Resposta brasileira

O governo Lula respondeu em julho e assinou o decreto que regulamenta a chamada Lei da Reciprocidade. O instrumento permitirá ao país adotar medidas em resposta à tarifa. O objetivo é proteger o mercado interno e restabelecer o equilíbrio em relações comerciais consideradas desvantajosas ou hostis ao Brasil.

A legislação permite que o governo desconsidere o princípio da “nação mais favorecida” (NMF) da Organização Mundial do Comércio (OMC), que assegura tratamento comercial igualitário entre todos os membros da entidade.

ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na semana passada que há “casos dramáticos” de impactos do tarifaço no Brasil. Por isso, segundo ele, o governo segue tentando negociar com os EUA a reversão total da medida anunciada por Trump e discute, internamente, medidas para conter os impactos do tarifaço. Empréstimos emergenciais, abatimento de impostos e até compras governamentais de produtos que deveriam ser exportados estão em discussão. O plano, segundo Haddad, deve ser apresentado ainda nesta quarta-feira ao Planalto.

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