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Caatinga, Pesquisa
Contradição: Caatinga sofre com avanço da energia renovável

29/09/2025

Confira, a seguir, a reportagem extraída do portal Brasil de Fato.

Contradições: a caatinga, vegetação exclusivamente brasileira e um dos biomas mais eficientes na captura de carbono, tem sido atingida por empreendimentos de energia eólica e solar.

A Caatinga, bioma exclusivamente brasileiro, é um dos mais eficazes no chamado sequestro dos gases do efeito estufa. No entanto, o bioma tem sido um dos mais atacados por empreendimentos de energia renovável, considerada uma fonte limpa. A contradição verde demonstra que estes modelos alternativos, organizados em torno de grandes empreendimentos, têm contribuído para destruir um dos biomas mais importantes para o país.

“As secas são processos naturais. A seca é da natureza, a desertificação não. A desertificação é responsabilidade dos seres humanos”, Giovanelli. – Foto: Secretaria do Desenvolvimento Agrário do Ceará

Um grupo de pesquisadores da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) das Ciências Agrárias comparou duas bases de dados sobre emissões e remoções de gases do efeito estufa nacionais e comprovou que a Caatinga foi responsável, em alguns anos, pela captura de 50% de todo gás carbônico do país.

O desempenho da vegetação é melhor em períodos de chuva, que são poucos na região semiárida. Nas temporadas de chuva acima da média para a região, a vegetação responde com muito mais intensidade o processo de captura. Nas temporadas de estiagem, o bioma diminui a capacidade, mas ainda consegue atingir um desempenho surpreendente e, dessa forma, se destaca na função de capturar os gases poluentes da atmosfera, com uma performance até melhor do que a de biomas mais celebrados nestes serviços ambientais, como a Amazônia, por exemplo.

O levantamento, realizado pelo pesquisador e mestrando em Agronomia Luís Miguel da Costa em parceria com o professor e doutor em Física Newton La Scala Jr., analisou o período de 2015 a 2022 e foi publicado na revista Science of the Total Environment. Os autores afirmam que o diferencial da Caatinga está na forte resposta ao aumento da disponibilidade de água durante períodos de chuvas mais intensas.

A pesquisa levou em consideração a chamada fluorescência da clorofila. Ela é um importante indicador que atesta a atividade fotossintética das vegetações. Quanto mais elevado este indicador, segundo os pesquisadores, maior é a capacidade de sequestro de carbono pela vegetação.

emissão de gases do efeito estufa por causa das ações humanas tem sido a principal responsável pelas mudanças climáticas no mundo. No Brasil, ao contrário das tendências dos países do Norte Global, a principal fonte de emissão está na chamada mudança no uso da Terra ou no desmatamento, queimadas e ações humanas, que alteram o uso daquela região. O avanço da agropecuária corresponde a 70% das emissões nacionais, combinando desmatamento e emissão do gás metano.

O professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), na Bahia, Washington Rocha acompanha o trabalho de duas doutorandas que examinam a performance da Caatinga no sequestro do carbono. A pesquisa ainda não foi concluída, mas ele antecipa, de forma ainda preliminar, que as evidências até aqui confirmam esse comportamento da vegetação.

“O que a gente vem comprovando é que, ao contrário do que se pensava antes, a Caatinga tem, sim, essa capacidade de interagir na captura de carbono, especialmente em condições climáticas mais favoráveis. Quando você tem períodos com maior umidade, os processos ecossistêmicos no bioma são muito ativos e acelerados, chegando a se comparar com biomas mais protegidos, como a Amazônia. Já em períodos de seca, a Caatinga, se ela tem proteção natural, adota estratégias para se manter viva.”, explica

Outro estudo, elaborado por uma equipe de pesquisadores do Observatório da Caatinga, vinculado à Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), na Paraíba, concluiu que áreas preservadas da vegetação conseguem devolver mais vapor de água para a atmosfera e capturar mais gás carbônico ao longo do ano. O estudo afirma que a preservação da Caatinga é fundamental para assegurar procedimentos essenciais da natureza, como a oferta de água, a regulação do clima e o sequestro de carbono.

“Por muito tempo, as pessoas achavam que a Caatinga era ‘morta’. Temos um período chuvoso, em que vemos tudo verdinho, pássaros cantando, animais circulando e, depois, um período de seca. Isso faz parte da sua dinâmica biológica, da alta dependência da pluviosidade. Esse estudo da equipe da Unesp veio para corroborar o que já era certo: a alta produtividade desses ambientes e a sua enorme capacidade de retenção de gases do efeito estufa, especialmente o gás carbônico”, explicou o biólogo João Damasceno, que integra o comitê técnico-científico do projeto Seridó Vivo.

Para ler a íntegra, acione o link abaixo e vá para o portal Brasil de Fato:

https://www.brasildefato.com.br/2025/09/29/caatinga-e-um-dos-biomas-mais-eficientes-na-captura-de-carbono-mas-sofre-com-avanco-da-energia-renovavel/

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