Laboratórios particulares e farmácias em todo Brasil vêm registrando aumento nos testes positivos para covid-19 nas últimas semanas, em um indício do que epidemiologistas classificam como um “alerta” para uma nova onda de casos no país.
O aumento de casos foi registrado principalmente no Sudeste e Centro-Oeste do país, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso.
O ITpS também registrou alta na procura por testes ao longo do mês de outubro em todo o Brasil.
Já nas farmácias, os exames positivos para a doença voltaram ao patamar de dois dígitos, segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), que reúne 26 redes responsáveis por cerca de 45% das vendas de medicamentos no país.
Das 14.970 testagens realizadas de 17 a 23 de outubro, 2.320 (15,5%) apresentaram diagnóstico positivo. Na semana anterior, a taxa havia sido de 9,36%.
O epidemiologista e pesquisador da ITpS, Anderson Brito, explica que a alta de testes positivos aponta para a tendência de surgimento de uma nova onda em algumas semanas.
“Provavelmente observaremos um aumento geral de testes positivos nos próximos dias, assim como aconteceu nas outras duas ondas de 2022”, diz.
A demora para que o salto nos casos identificados pelas farmácias e laboratórios particulares seja também notada com clareza nos dados divulgados pelo Conselho Nacional de Secretarias de Saúde (Conass) é natural, segundo o especialista.
“Os testes em laboratórios servem como um termômetro — quando há uma alta na positividade no sistema privado é questão de tempo até começarmos a observar isso também na rede pública e de forma mais ampla.”
Para o epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas, os aumentos registrados até agora são “um sinal de alerta”.
“Não há motivo para desespero, pois ainda não sabemos a gravidade da onda ou se os casos provocarão muitas internações e óbitos”, afirmou o especialista à BBC News Brasil. “Mas precisamos lembrar que a adesão às doses de reforço no Brasil tem sido baixa, o que não é uma boa notícia.”