O’Kelly, por sua vez, adaptou, para uso caseiro, um método usado em hospitais para verificar a vedação de máscaras.
Esse método adaptado consiste em diluir um pouco do adoçante sacarina sódica (substância escolhida por ter sabor) em água destilada ou purificada. Essa diluição deve ser colocada em um nebulizante ou um difusor aromático, para liberar a substância no ar ao redor do usuário da máscara.
Se o usuário conseguir sentir o sabor da sacarina mesmo enquanto estiver vestindo a máscara, é sinal de que o protetor facial não está filtrando corretamente e, portanto, a máscara não está bem vedada.
Aumentando a proteção das cirúrgicas e KN95
Segundo os estudos de Eugenia O’Kelly, é possível também melhorar a eficácia de máscaras cirúrgicas ou do tipo KN95, embora seja bom destacar que elas não alcançam a filtragem de uma PFF2.
Isso pode ter serventia em ambientes de menor risco, como parques ou áreas bem ventiladas.
Primeiro, é importante que essas máscaras sejam certificadas (para evitar falsificações de baixa qualidade).
Em máscaras cirúrgicas ou KN95, foi possível melhorar a vedação colando fitas do tipo esparadrapo ou micropore nos vácuos entre rosto e máscara, segundo os estudos de O’Kelly.
Não há, segundo os estudos de O’Kelly, uma dica única de vedação que funcione para todos os tipos de máscara cirúrgica ou KN95 – é preciso ver como cada máscara se adapta a cada tipo de rosto. Em alguns casos, para rostos mais finos, nós rentes à lateral das alças ajudam a aumentar a vedação, por exemplo.
As máscaras de pano, porém, estão muito distantes de oferecer uma alta proteção, segundo a pesquisadora de Cambridge.
Nos testes feitos por O’Kelly, nem mesmo as melhores máscaras de pano chegaram perto da capacidade de proteção oferecida pelas piores (ou menos vedadas) máscaras PFF2/N95. “As máscaras de tecido são capazes de bloquear apenas as partículas maiores”, explica O’Kelly. “O fato de haver tanta transmissão neste momento indica que muito dela ocorre pelas partículas menores.”
Com tudo isso, é bom reforçar a conclusão de que as máscaras do tipo PFF2 ainda são nossa melhor barreira individual contra partículas de ar potencialmente contaminadas pelo coronavírus.
“A gente deveria ter, desde o começo, falado da (importância da) PFF2. Falhou-se muito ao falar da máscara de pano, que deveria ter sido apenas um plano B para a época em que não tinha muita oferta de máscaras melhores. Daí uma solução que era para ter sido temporária (de popularizar o uso de máscaras de pano) acabou virando definitiva”, critica Vitor Mori.