27/12/2023
Reproduzimos, a seguir, informação extraída do site de notícias Brasil de Fato
A publicação é uma compilação de artigos, fotos, ilustrações e transcrições de relatos orais de histórias de vida de comunidades atingidas pelo rompimento da barragem – Foto: Divulgação
Regeneração, cura e preservação de antigas memórias. Essas são três palavras que definem o lançamento de Mariana, o Livro dos Minerais, terceiro volume da série Árvores, Memórias e Reflorestamentos.
A publicação é uma compilação de artigos, fotos, ilustrações e transcrições de relatos orais de histórias de vida de comunidades atingidas pelo rompimento da barragem do Fundão, em Bento Rodrigues, na cidade de Mariana (MG). O crime, cometido pela mineradora Vale, é conhecido como uma das maiores tragédias ambientais do Brasil.
Segundo a autora Mo Maiê, que é atingida, o livro é a materialização de uma ideia provocada pelo rompimento, momento em que ela buscava compreender como colaborar com as demais pessoas que sofrem com as consequências do crime.
“Foi assim que este projeto nasceu, buscando reconhecer a importância das histórias de mestras e mestres griôs de nossas comunidades atingidas, como potência de continuidade transgeracional de antigos saberes e fazeres, que podem sobreviver mesmo diante de uma realidade de morte, ecocídio e destruição”, explica.
Para ela, mesmo que os territórios tenham sido devastados, é importante preservar as lembranças, as cantigas, os gestos, as danças, entre outras diversas riquezas culturais da cidade que, em sua visão, não podem “morrer cobertas de lama”.
A versão do livro digital está disponível online para download neste link.
Mo Maiê relembra o processo de construção do livro como dois movimentos que se harmonizaram: a introspecção e o reencontro com a natureza e com recentes e antigas histórias sobre Mariana e sobre Minas.
“Visitamos quatro territórios atingidos, escutamos e conversamos com cinco mestras e mestres, acompanhadas por uma pequena equipe de artistas de nossa região, responsáveis pelos registros audiovisuais, já que além do livro, também virão os podcasts dessas vivências”, detalha.
A autora conta que, a cada visita a campo, mesmo diante da tristeza provocada pelas consequências da tragédia, conseguiu transformar essa dor em histórias de vitória e reinvenção do mundo.
Lançado oficialmente no último sábado (16) como parte do evento Conexões Urbanas – Natal de Cria, em Mariana, o livro integra uma série formada por ebooks, fanzines, documentários e podcasts, e teve sua primeira publicação em 2021.
A primeira edição, chamada Livro de Areia, nasceu no Senegal, na África, a partir das vivências e pesquisas relacionadas a instrumentos musicais e percepções africanas. Já o segundo, o Livro das Árvores, teve origem na Bahia, na junção dos saberes de mestres africanos e latino-americanos.
A ideia central da coletânea é pautar o reflorestamento cultural, uma tecnologia social que, a partir da ancestralidade, conta histórias vindas da escuta afetiva e intercâmbio de saberes.
Fonte: BdF Minas Gerais