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Cinema nacional, Globo de Ouro
Fernanda Torres leva Globo de Ouro por atuação em Ainda Estou Aqui

06/01/2025

Reproduzimos, a seguir, informações extraídas da Agência Brasil e do portal TVT News.

Atriz interpretou a advogada Eunice, viúva de Rubens Paiva

O cinema brasileiro vive um momento histórico. A atriz Fernanda Torres recebeu nesta segunda-feira (06), em Los Angeles, nos Estados Unidos, o prêmio Globo de Ouro de melhor atriz na categoria Drama.

A premiação, entregue pela primeira vez a uma brasileira, é um reconhecimento ao trabalho de Fernanda no filme Ainda Estou Aqui. Na produção, ela interpreta a advogada Eunice Paiva, viúva de Rubens Paiva, deputado federal assassinado pela ditadura militar em 1971.

Fernanda concorria com grandes estrelas de Hollywood como Nicole Kidman, Angelina Jolie, Tilda Swinton, Pamela Anderson e Kate Winslet.

Há 25 anos, Fernanda Montenegro, mãe de Fernanda Torres, disputou a mesma categoria pela atuação em Central do Brasil. Ela não venceu, mas o filme ganhou o Globo de Ouro na categoria melhor filme estrangeiro.

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Fernanda Torres recebe o Globo de Ouro das mãos de Viola Davis. Imagem: Reprodução/TNT

“Isso é uma prova que a arte dura na vida, até durante momentos difíceis pelos quais a Eunice Paiva passou e com tanto problema hoje em dia no mundo. Esse é um filme que nos ajudou a pensar em como sobreviver em tempos como esses. Então, para a minha mãe, para a minha família, para os meus filhos e para todos, muito obrigada ao Golden Globes”, disse Fernanda, ainda durante o discurso de agradecimento.

Tanto Ainda Estou Aqui como Central do Brasil foram dirigidos pelo cineasta Walter Salles.

Este ano, na categoria de melhor filme estrangeiro, o Globo de Ouro ficou com a produção francesa Emilia Pérez.

As informações publicadas abaixo foram extraídas do portal TVT News.

Ainda Estou Aqui perde para Emilia Perez na categoria Filme em língua estrangeira

Ao contrário de 1999, quando Central do Brasil venceu na categoria de filme e Fernanda Montenegro não conquistou melhor atriz, dessa vez Ainda Estou Aqui perdeu para o favorito Emilia Perez. O longa francês foi vencedor em outras três categorias e tornou-se o grande nome do Globo de Ouro.

Os resultados do Globo de Ouro confirmaram as previsões da crítica e dos especialistas ouvidos pela TVT News.

“Fernanda mais do que merece. Traduziu como ninguém o silêncio forçado de tantas pessoas durante a ditadura militar no Brasil”, considera o professor do curso de Cinema e Audiovisual da ESPM, Márcio Rodrigo.

Relembre a rota de sucesso do filme Ainda Estou Aqui

O cinema brasileiro está em festa com o sucesso do filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles. A produção tem conquistado corações pelo mundo, levando mais de 3 milhões de espectadores às salas de cinema no Brasil desde a estreia em novembro e acumulando prêmios em renomados festivais internacionais.

Quais foram as premiações de Ainda Estou Aqui nos festivais

Selecionado para mais de 50 festivais nacionais e internacionais, Ainda Estou Aqui já acumula sete importantes prêmios no currículo. Entre eles estão:

  • Melhor Roteiro no prestigiado 81º Festival de Veneza, Itália;
  • Melhor atriz em Filme de Drama, para Fernanda Torres no Globo de Ouro 2025;
  • Melhor Atriz em Filme Internacional para Fernanda Torres no Critics Choice Awards, EUA;
  • Melhor Filme na 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Brasil;
  • Melhor Filme no Festival Internacional de Cinema de Vancouver, Canadá;
  • Melhor Filme no Festival de Cinema de Mill Valley, EUA;
  • Prêmio do Público no Festival De Pessac, França;
  • Prêmio Danielle Le Roy (Júri Jovem) no Festival De Pessac, França.
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Fernanda Torres venceu o prêmio de melhor Atriz em Filme Internacional no Critics Choice Awards, dos EUA e o filme Ainda Estou Aqui foi indicado ao 45° London Critics’ Film Awards, prêmio de crítica mais respeitado no Reino Unido. Imagem: Reprodução/Instagram Fernanda Torres

A obra levou o prêmio de melhor roteiro na 81ª edição do Festival de Cinema de Veneza. Na ocasião, Ainda Estou Aqui foi aplaudido por dez minutos após a primeira exibição.

Os roteiristas Murilo Hauser e Heitor Lorega receberam o estimado prêmio e dedicaram a vitória à protagonista do filme, a atriz Fernanda Torres, que não pôde estar presente no momento da premiação. No fim do discurso, eles homenagearam o cinema nacional com a frase de resistência: “Viva o cinema brasileiro!”

Ainda Estou Aqui está na pré-lista do Bafta, o Oscar Britânico

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Ainda Estou Aqui está na pré-lista do Bafta, o Oscar Britânico. Imagem: Reprodução/Instagram Fernanda Torres

O filme Ainda Estou Aqui está na lista dos pré-indicados ao prêmio de Melhor Filme em Língua Estrangeira do Bafta (British Academy Film Awards), premiação conhecida como o Oscar britânico.

No Brafa, a atriz Fernanda Torres, 59, não foi indicada nas categorias de atriz.

O filme brasileiro é uma das 10 produções que concorrem às cinco vagas da lista final de indicados ao prêmio.

O vencedor será anunciado no dia 16 de fevereiro, em Londres. O Brasil já conquistou o Bafta nesta categoria uma vez também com outro filme de Walter Salles, Central do Brasil, protagonizado por Fernanda Montenegro, mãe de Fernanda Torres.

Veja a lista de filmes que concorrem à indicação de melhor filme estrangeiro no Bafta:

  • Tudo Que Imaginamos Como Luz
  • Black Dog
  • O Conde de Monte Cristo
  • Emilia Pérez
  • Flow
  • The Girl with the Needle
  • Kneecap — Música e Liberdade
  • La Chimera
  • The Seed of the Sacred Fig

Ainda Estou Aqui é um filme sobre memória, resistência e luta. Baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, o longa conta a história de Eunice Paiva, viúva do ex-deputado e engenheiro civil Rubens Paiva. Antes mesmo da estreia no Brasil, Ainda Estou aqui tem recebido atenção por onde passa, como os 10 minutos de aplausos no Festival Veneza 2024 em que levou a premiação de melhor roteiro.

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A postagem da Academia do Oscar Americano teve enorme repercussão nas redes sociais e ajudou a impulsionar o nome de Fernanda Torres no cenário internacional. Imagem: Reprodução/Instagram Fernanda Torres

Qual é a história de Ainda Estou Aqui?

Ainda Estou Aqui conta a história da mãe de Marcelo Rubens Paiva, Eunice Paiva, que se tornou ativista política após perder seu marido, Rubens Paiva, para a crueldade da ditadura militar brasileira. A narrativa percorre a relação entre o autor e sua mãe, além de trazer a infância de Marcelo e as questões políticas acerca da morte de seu pai.

O filme é protagonizado por Fernanda Torres como Eunice, e Selton Mello como Rubens Paiva. Fernanda Montenegro também participa da obra, como Eunice, na última fase, já com Alzheimer. 

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Cena de Ainda Estou Aqui: resistência e memória de Eunice Paiva marcam a história Foto: Reprodução Sony Pictures Brasil

A produção brasileira dirigida por Walter Salles permanece em cartaz nos cinemas brasileiros e já ultrapassou a marca de três milhões de espectadores. A TVT News assistiu e recomenda o filme, mas leve um lencinho para limpar as lágrimas no final da sessão.

Resenha: Ainda Estou Aqui é filme sobre memória e resistência

Dirigido por Walter Salles (de Central do Brasil e Diários de Motocicleta), Ainda Estou Aqui tem no elenco atores de peso como Fernanda Torres, que interpreta Eunice Paiva, Selton Mello (como Rubens Paiva), além das participações de Marjorie Estiano e da fantástica Fernanda Montenegro, que faz Eunice mais velha e já acometida de Alzheimer.

A participação de Fernanda Montenegro, mesmo curta, dá a Ainda Estou Aqui maior carga sobre o drama da memória. Como se o filme já não emocionasse desde as primeiras cenas.

Com reconstituição impecável do Rio de Janeiro dos anos 70, Ainda Estou Aqui começa com o cotidiano da família de Rubens Paiva em meio às repercussões do sequestro do embaixador suíço pelos grupos de resistência armada à Ditadura Militar.

A trama se desenvolve em três partes: a maior, que mostra a família de Paiva no Rio de Janeiro nos anos 1970; a segunda, conta trajetória de Eunice como defensora dos Direitos Humanos e a terceira, o encerramento, é a que está Fernanda Montenegro e coloca o público diante do debate da memória.

Na primeira parte, o filme mostra como a prisão de Rubens Paiva foi arbitrária. As sequências mostram como a família tentava manter a normalidade, como os dramas de adolescentes, o jogo de totó (pebolim) entre pai e filho, as idas à praia, as festas com amigos, a troca de dentinhos das crianças, a adoção de um cachorro.

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Fernanda Torres emociona o público ao interpretar Eunice Paiva em Ainda Estou Aqui.
Foto: Reprodução Sony Pictures Brasil

Esse cotidiano é dilacerado pela prisão e desparecimento de Rubens Paiva. As cenas de Eunice e da filha presas vão levar o público para os horrores das prisões da Ditadura Militar. Mesmo sem mostrar, de forma explícita, as torturas, o filme traz o medo, o nojo e o crime que envolviam os porões da Ditadura.

Na cena do chuveiro, Eunice tenta arrancar da pele as marcas desses porões e o público fica com elas. Dali em diante, tanto plateia como o filme parecem prender a respiração. O cinema fica num silêncio sufocante. A trilha sonora da primeira parte dá lugar a uma angústia.

Mães e pais não conseguem conter as lágrimas ao verem como Eunice vai tentando manter a família. Em determinada cena, Marcelo quebra a boneca da irmã que vai reclamar com a mãe, justamente no momento mais difícil daquela trajetória. A reação normal seria descontar nas crianças, entrar em desespero. Mas Eunice segue.

Há um toque sutil no roteiro e na direção: Eunice sabe da morte do marido. Mas essa cena não é explícita. Há um corte entre ela receber quem lhe vai dar a notícia e a reação do dela. O público sabe que ela recebeu a informação. Mas ela não é falada.

Rubens Paiva não tinha morrido “oficialmente”, não há um atestado de óbito. Portanto, não há como materializar a morte.

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Outro passo importante na jornada de Ainda Estou Aqui é a disputa por uma vaga no Oscar 2025. Foto: Divulgação

Na segunda parte, Eunice já é uma advogada renomada na luta pelos direitos humanos. E consegue, depois de longa luta, o atestado de óbito com o reconhecimento da morte violenta de Rubens Paiva. É quando as crianças menores, já adultas, conversam: “quando você enterrou o papai”?

Esse é o gancho para a terceira parte de Ainda Estou Aqui: a memória. A família está toda reunida. Eunice, com Alzheimer, parece distante, como numa realidade paralela, típica de quem sofre essa doença. Mas uma cena na TV devolve a atenção ao olhos dela. A memória tem caminhos desconhecidos e ali, memória, luta e resistência de cruzam.

Ainda Estou Aqui está na pré-lista do Oscar

O filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, está pré-indicado ao Oscar de Melhor Longa-Metragem Internacional. É a primeira vez que um filme brasileiro retorna para essa etapa da nomeação desde 2008, quando o filme O Ano Em Que Meus Pais Saíram De Férias, de Cao Hamburger participou da pré-lista, mas não ficou entre os selecionados.

As premiações anteriores servem como termômetro para o Oscar, por isso as expectativas para a lista oficial que será divulgada no dia 17 de janeiro permanecem altas. Para a principal condecoração do cinema mundial, ainda se espera que Fernanda Torres seja indicada na categoria de Melhor Atriz do Oscar.

Fator decisivo para a qualidade e reconhecimento de Ainda Estou Aqui é que se trata de uma produção de Walter Salles. Salles é reconhecido mundialmente não apenas pela seu olhar artístico e competência, já postas a prova, mas também é considerado o terceiro cineasta mais rico do mundo. Em Central do Brasil, ele foi fundamental para que Fernanda Montenegro fosse indicada a melhor atriz no Oscar de 1999.

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