02/06/2023
Reproduzimos, a seguir, reportagem da BBC News Brasil…
É errando que se aprende. Pelo menos, a maioria de nós já ouviu isso.
Mas a ciência mostra que, muitas vezes, deixamos de aprender com os erros do passado. E, em vez disso, costumamos repetir os mesmos erros.
O que quero dizer com erros aqui?
Acho que todos nós concordamos que aprendemos rapidamente que, se colocarmos a mão em um fogão quente, nos queimamos. E, por isso, provavelmente não iremos repetir este erro.
Isso acontece porque o nosso cérebro cria uma resposta à ameaça de estímulos fisicamente dolorosos com base em experiências prévias.
Mas, quando a questão é o pensamento, os padrões de comportamento e a tomada de decisões, nós repetimos nossos erros com frequência — como ocorre quando chegamos atrasados para os nossos compromissos, deixamos tarefas para a última hora ou julgamos as pessoas com base na primeira impressão.
O motivo pode estar na forma em que o nosso cérebro processa as informações e cria os modelos que consultamos repetidamente. Esses modelos são, essencialmente, atalhos que nos ajudam a tomar decisões no mundo real.
Mas esses atalhos mentais, chamados de heurísticas, também podem nos ajudar a repetir os nossos erros.
No meu livro Sway: Unravelling Unconscious Bias (“Oscilações: desvendando o viés inconsciente”, em tradução livre), comento que os seres humanos não são naturalmente racionais, como nós gostaríamos de acreditar. A sobrecarga de informações é confusa e cansativa; por isso, nós filtramos o ruído.
Nós observamos apenas partes do mundo. Temos a tendência de observar o que é repetitivo, haja ou não algum padrão, e costumamos preservar a memória generalizando e recorrendo à tipificação.
Nós também tiramos conclusões a partir de dados esparsos e usamos atalhos cognitivos para criar uma versão da realidade na qual queremos implicitamente acreditar. Isso cria um fluxo reduzido de recebimento de informações, o que nos ajuda a ligar os pontos e preencher as lacunas com aquilo que já conhecemos.